Tive uma professora de português que dizia que numa redação não poderíamos dizer o que “achávamos” sobre determinadas coisas. O correto seria dizer o que “pensávamos”. Hoje eu concordo com ela, mas na redação. No colégio, quando dissertamos sobre algo, devemos expôr nossos pensamentos e não nosso “achismos”.
Na época que a professora Eliane me corrigia nós não sabíamos que eu ia ser uma escritora (acho que já posso dizer que sou, né?). Sempre me senti bloqueada com isso. A minha crônica tem uma estrutura bem próxima da redação escolar, uma média de 3 a 4 parágrafos. E redação para mim está a um passo da crônica.
Comecei a me expressar literariamente com a poesia. Mas foi na crônica onde eu comecei a me encontrar. Talvez por ser um diálogo do eu com o eu-lírico. Uma linha de raciocínio que se desenvolve no papel e de repente vira crônica. Todo mundo deveria ser cronista. Economizaria uma grana de análise.
Obrigada, professora Eliane, por prezar pelo bom português, ter me apresentado Álvares de Azevedo (olha gente, a culpa é dela, viu!!), João Ubaldo Ribeiro (“A casa dos budas ditosos” como livro extra-classe foi inesquecível!!!) e, conseqüentemente, outros escritores que eu não leria se não fosse essas leituras. Mas uma coisa você tem que dar o braço a torcer: na crônica eu posso “achar”. Na crônica eu acho e me acho... E, ah! Eu continuo escrevendo com letra separada...