Poeta-morto que está no céu,
ou mesmo que ainda no Inferno de Dante,
abençoa as exposições de arte,
as peças de teatro,
e toda obra escrita:
que ela seja lida e não apenas
um enfeite na estante.
Perdoai nossos erros gramaticais,
assim como perdoamos as bizarrices que já lemos antes.
Abençoa-nos com situações inusitadas,
que nos inspirem a usar palavras bonitas
em melopéias contagiantes.
Nos poupe das rimas pobres,
que possamos colorir muitos versos brancos.
Nos dê força para aguentar os que dizem
que qualquer coisa é poesia,
pois tu nos ensinaste que só é poesia
quando há intenção de matar.
E nós, aqui, aproveitaremos o dia,
ouvindo sempre um suave murmúrio
- que não vem do mar -
e nos diz carpe... Carpe Diem!
(escrito em 2008)
4 comentários:
muito bom, Debbie!
tudo é poesia
quando há intenção de matar...
maravilhoso!
Concordo com o Louis!E gostei também da contraposição céu/Inferno de Dante, parece que tem um humor sutil e uma busca pelo inusitado que atravessam todo o poema. E a sensação fica ainda mais forte quando você fala do suave murmúrio que não vem do mar. É mais que simplesmente uma fuga do óbvio, é uma recusa do óbvio. Só discordo quando você pede perdão pelos erros gramaticais, pois acho que às vezes eles podem fazer parte da literatura. E curto uns versos brancos de vez em quando. Conhece "Manifesto Verso Livre", do Claufe Rodrigues? De qualquer forma, achei seu poema muito bom.
Olá José,
bem, os erros gramáticais são as licenças poéticas e sim, fazem parte. eu tb adoro versos brancos, mas n resisti... hehe. Eu não conheço Claufe Rodrigues não, vou procurar no google.
obrigada pela visita e volte sempre! :-)
Voltarei, com certeza. É sempre bom trocar ideias sobre a poesia contemporânea.
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