O homem abria os botões da camisa, obedecendo às ordens da médica que faria seu exame. A cicatriz. Ela não imaginava que havia uma cicatriz ali. Que vida levara aquele homem, que não era qualquer homem, era aquele homem, para que fosse necessária uma ponte de safena? Que tipos de coisas teriam acumulado nas paredes das suas coronárias? Justo aquele homem, que até então fora intocável, intangível e outros ins, o que teria vivido fora dos sonhos insones daquela mulher, que naquele momento só era médica da pele para fora? Ela pensava, com as retinas fixas no ofício e os olhos enraizados no insólito. Com um ciúme absurdo e absorto, se despediu de tudo o que inaconteceu. Aquele homem. Em sua vida imaginária, as pontes que levavam a ele eram mais interessantes.
Deborah O'Lins de Barros
Rio de Janeiro, 05-06/06/2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário