Houve uma
época em que tive e perdi a oportunidade de encontrar-me com Fausto Wolff,
então cronista do Jornal do Brasil. Meu cronista preferido por algum tempo. Quando
ele faleceu, em 2008, me dei conta que não o fiz saber desse meu carinho e
respeito intelectual. Logo eu, que tenho como estranho hobby procurar e
agradecer pessoalmente as pessoas que de alguma forma me ensinaram a Pensar com
P maiúsculo.
Toda
história é história social. Tinha uns 18, 19 anos ouvi isso pela primeira vez.
E foi lindo. Estudar o que sempre quis, mesmo não tendo concluído o curso, foi
essencial para mim. Meu mundo se abriu e aprendi a ler meu leque de opções.
Uma das
cartas desse baralho era Eric Hobsbawn. Gostava de brincar dizendo que se fosse
40 anos mais jovem, me casaria com ele. Naquele ano ele esteve na FLIP, tive
colegas de turma que foram lá para prestigiá-lo. Eu não fui. Na verdade, nem
liguei muito para a feira de livros, talvez por já conhecer o esquema bagunçado
proposto pela Bienal carioca. Sem saber, perdi minha única oportunidade de
vê-lo pessoalmente.
Hoje Eric
Hobsbawn faleceu. Soube da notícia da forma mais estúpida que poderia: por
aqueles noticiários desinformativos de ônibus. Lembrei do Wolff.
Lembrei dos meus 18, 19 anos. Lembrei que toda história é social. Lembrei que
sou apaixonada por micro-história. E que um dia me formarei nesse curso que
desde a quinta série tinha vontade de estudar. Obrigada, “Hobs”, por nos conscientizar de nossa própria historicidade. Sem dúvida, a historiografia mundial terá tempos menos interessantes.
Deborah
O’Lins de Barros
Rio
de Janeiro, 01/10/2012
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