o que me incomoda
não é o tédio,
não é tudo o que pensam
quando olham para a minha cara chateada,
não é o fato de estar só
no meio de uma multidão.
o que me incomoda
não é o fato de morar
onde eu gostaria de passar férias,
e nem de estar em um lugar de vários amigos
onde nenhum deles são os meus.
não é a tristeza brega
o que me incomoda.
não é esse incômodo
o que me deixa triste.
o que me deixa triste
é a sua ausência
e sua presença
em tudo o que me rodeia.
terça-feira, 27 de março de 2012
tristeza brega
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terça-feira, 6 de março de 2012
romanceiro?
O nobre cavalheiro arrastava suas asas
para a moça que lavava roupa na mão.
Mirava-a no rio, de cócoras, ganhando seu pão.
Decidiu se aproximar, com o peito em brasa...
E recebeu um não.
Mas como pode, com tanto garbo, uma resposta rasa?
É que a moça já tinha um dono para seu coração,
e o nobre cavalheiro torna-se um bufão.
Não admite, bate o pé, respira fundo e amassa
a flor que tinha na mão.
"Posso dar-te o mundo e no entanto arrasas
o que me é mais caro - meu coração.
Venha comigo que te apresento a minha mansão."
E a moça responde, meio sem graça:
"Posso não."
"É que eu amo", disse enquanto olhava para as casas
muito humildes, se comparadas ao casarão.
"E não quero macular esse amor, quero não."
E então, meio que por raiva, veio a desgraça,
desejada do fundo de um coração:
"Que morram todos! Essa raça
de gente simples, cheia de boa intenção,
povo que quando quer, pode e é turrão."
E veio a praga, nascida da pirraça,
veio a seca no sertão.
Deborah O'Lins de Barros
Rio, 06/03/2012
para a moça que lavava roupa na mão.
Mirava-a no rio, de cócoras, ganhando seu pão.
Decidiu se aproximar, com o peito em brasa...
E recebeu um não.
Mas como pode, com tanto garbo, uma resposta rasa?
É que a moça já tinha um dono para seu coração,
e o nobre cavalheiro torna-se um bufão.
Não admite, bate o pé, respira fundo e amassa
a flor que tinha na mão.
"Posso dar-te o mundo e no entanto arrasas
o que me é mais caro - meu coração.
Venha comigo que te apresento a minha mansão."
E a moça responde, meio sem graça:
"Posso não."
"É que eu amo", disse enquanto olhava para as casas
muito humildes, se comparadas ao casarão.
"E não quero macular esse amor, quero não."
E então, meio que por raiva, veio a desgraça,
desejada do fundo de um coração:
"Que morram todos! Essa raça
de gente simples, cheia de boa intenção,
povo que quando quer, pode e é turrão."
E veio a praga, nascida da pirraça,
veio a seca no sertão.
Deborah O'Lins de Barros
Rio, 06/03/2012
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