segunda-feira, 25 de abril de 2011

foi poeta, sonhou e amou a vida

Digam e creiam o que quiserem: — todo o vaporoso da visão abstrata não interessa tanto como a realidade formosa da bela mulher a quem amamos.


Manoel Antonio Álvares de Azevedo
12/09/1831 - 25/04/1852

159 anos nos separam, mas você sempre será meu poeta preferido.

5 sem tidos

(provável fragmento)

ouço cores de Almodóvar
toco fragrancias de Lolita
degusto texturas de Beethoven
vejo sabores de Van Gogh
respiro vozes de Chaplin

:::::::::::::::

Ivo viu a uva.
A moça feia viu a banda.
Os inteligentes viram a roupa.
Colombo e Gagarin viram a terra.
Dali viu a Mae West.

:::::::::::::::



Deborah O'Lins de Barros,
Rio de Janeiro, (já passsou da meia-noite, então...) 25/04/2011
(colaborou com idéias: Rachel Lins, minha mana)

sexta-feira, 1 de abril de 2011

primeiro de abril

Não queria mais uma sexta. Não queria uma saideira. Não queria mais do óbvio, ópio do povo. Então resolveu viver uma mentira de um dia. Dessa vez acordou na hora. Quer dizer, levantou da cama na hora. E se arrumou mais. Fez uma cara de Clark Gable no espelho, para ver se convenceria alguém, se quisesse. Gostou do resultado. Depois começou a mudar a rotina. Tomou café em casa e percebeu que até o dia anterior tomava um café horrível. Resolveu ir ao trabalho de ônibus, em vez de ir de carro, como costumava. E notou que levava o mesmo tempo para chegar. O trânsito não distingue os meios de locomoção. No escritório, pensou em fazer as coisas com algum carinho, já que trabalhava com o que gostava. E seu dia rendeu muito mais que quando trabalhava roboticamente. Na volta para casa, trocou a cerveja por uma ida a vídeo-locadora. E encontrou um filme que estava há muito tempo querendo ver.  Antes de ir para a cama, pensou na garota para quem ele volta e meia ligava como quem não quer nada. Viu que valia mais a pena dormir sozinho. E antes de dormir pensou que, na verdade, todos os outros dias é que tinham sido primeiro de abril.

Deborah O`Lins de Barros
Rio de Janeiro, 01/04/2011