quarta-feira, 22 de abril de 2009

Adeus, Lênin - o poema que vira conto

Olha que interessante: durante o laboratório de literatura que estou fazendo o SESC, recebi uma proposta para transformar o meu poema querido "Adeus Lênin" em conto. Adorei a idéia. Então, enquanto não sai a nova versão, segue a reclamação que fiz da geração que me foi dada...



Adeus, Lênin!

A minha geração idolatra o Che Guevara
E depois acende outro Marlboro
Enquanto calça o All Star,
Ouvindo, triste e pacivamente, um pop-rock farofa.

Para a gente, Cavaleiro é coisa de Idade Média
E o Cavaleiro da Esperança, coitado,
Cheira a "Senhor dos Anéis".

Católicos fazem procição, enriquecendo - sem saber - ao Rei da Vela.
Para a gente, Clint Eastwood só é caubói no "De volta para o futuro"
E o Morgan Freeman é o eterno presidente da América.

Cada um tem o John Lennon que merece.
E eu vou ter que me contentar com o suicida de Seattle.
Vida longa ao ídolo morto.

Lênin morreu. Viva Lênin!
Agora me dá mais uma Coca-Cola.
Sou punk, viva o anarquismo. Sou comunista, estou na moda.

Mas que bela porcaria de geração que me foi dada...
Que acha que a Olga é a Camila Morgado
E que o Thiago Lacerda é o Garibaldi...

Gostaria de me revoltar, mas não tenho objetivos.
Não há mais barreiras, não há mais muros...
Tomo um gole de vodka e assisto ao Big Brother.
Lênin morreu. Adeus, Lênin!



Deborah O. Lins de Barros

Nenhum comentário: