sexta-feira, 23 de outubro de 2009

na crônica, eu acho

Tive uma professora de português que dizia que numa redação não poderíamos dizer o que “achávamos” sobre determinadas coisas. O correto seria dizer o que “pensávamos”. Hoje eu concordo com ela, mas na redação. No colégio, quando dissertamos sobre algo, devemos expôr nossos pensamentos e não nosso “achismos”.

Na época que a professora Eliane me corrigia nós não sabíamos que eu ia ser uma escritora (acho que já posso dizer que sou, né?). Sempre me senti bloqueada com isso. A minha crônica tem uma estrutura bem próxima da redação escolar, uma média de 3 a 4 parágrafos. E redação para mim está a um passo da crônica.

Comecei a me expressar literariamente com a poesia. Mas foi na crônica onde eu comecei a me encontrar. Talvez por ser um diálogo do eu com o eu-lírico. Uma linha de raciocínio que se desenvolve no papel e de repente vira crônica. Todo mundo deveria ser cronista. Economizaria uma grana de análise.

Obrigada, professora Eliane, por prezar pelo bom português, ter me apresentado Álvares de Azevedo (olha gente, a culpa é dela, viu!!), João Ubaldo Ribeiro (“A casa dos budas ditosos” como livro extra-classe foi inesquecível!!!) e, conseqüentemente, outros escritores que eu não leria se não fosse essas leituras. Mas uma coisa você tem que dar o braço a torcer: na crônica eu posso “achar”. Na crônica eu acho e me acho... E, ah! Eu continuo escrevendo com letra separada...

5 comentários:

Anônimo disse...

Gostei dos seus achismos. ;)

Anônimo disse...

Deborah, o que mais me agrada em tua escritura é que, nela, a voz se desnuda aos poucos. O Nietzsche escreveu: "O homem só acredita no Deus, porque acredita na gramática".

Descreia mais na gramáticas e acredite em teus adágios próprios. tenha a audácia de ser uma escritora de verdade e não uma adolescente que não sabe o que deseja quando grafa palavras na página pálida.

Às favas com a camisa-de-força das linguísticas e coisas que tal. E não esqueça nunca: é preciso sempre escrever a primeira vez de uma frase. A palavra foi criada para ser um machado que possa trincar o gelo de nosso mar interior, e não para acariciar gatos ou agradar o episcopado gagá.

Mesmo que tua voz seja única, Deborah,percebo que ela ainda respeita a gramática e acaricia os gatos. Quebre tudo, invente um outro idioma, tente outros ritmos, cale, com tua prosa, o coro dos contentes. Sugiro que leias, se não leste ainda, "Os cantos de Maldoror", do Lautréamont e, também, "A teus pés", de Ana Cristina César. E, claro, a maior escritora dessa terra tupiniquim: a invencível Hilda Hilst.

Recordo agora um dito de Cássia Eller: "As meninas boazinhas vão para o céu; as más vão para onde querem".

Seja única! E dê um santo phoda-se para tudo.

Namastê

Fernando José Karl

Deborah O'Lins de Barros disse...

Oi Fernando,
simplesmente adoro seus conselhos. e pode crer, eu os sigo. ainda aguardo o dia que o SESC te trará para Itajaí, e então poderei te sugar um pouco mais durante uma oficina :-)
obrigada pelas palavras. ainda busco algo de novo em mim. sei que está aqui, mas não o encontro. e esse algo será revolucionário, isso eu sei. talvez eu não ache por não estar olhando pelo ângulo certo.
bem, de grau em grau, um dia chego lá.

[Manú] disse...

Ah,escrever é tão bom...deixar fluir o que vem de dentro e cá fora colocar o que nos vem aos dedos.Abração!:)

Deborah O'Lins de Barros disse...

É bem por aí :-)
abraço pra ti também!!
:-)