terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

15 anos de sociedade epicuréia

Versos livres

Sim, pequei, perdão.
Não consegui, não me adaptei
A essas formas racionais
A essas formas árcades
À razão.

Tenho a suave impressão
De que não passo de mais uma.
Mais uma amada-morte de Poe Poe,
Virgem perdida de Álvares de Azevedo,
Viuvinha de Alencar, Moreninha de Macedo.

Definitivamente, pertenço àquela 2a. geração.
Pequei, Senhor, mas não por que quisesse ter pecado
[O que você faz aqui, Gregório? Está no estilo errado]
Sei que meu inconsciente tem estado danificado
E minha vida vem sendo uma eterna "esparsa ao desconcerto do mundo".

Byron, Byron... seu amor pela Grécia
Deve ser por causa das deusas, sempre inalcançáveis.
E quando me deparo com minhas culpas,
Aparentemente inafiançáveis,
Meu coração se volta para aquela outra península.

E meus versos livres,
Meus versos brancos
Mostram claramente quem é o eu-lírico: eu.
Eu estou livre e tudo está passando em branco,
Junto com esses versos tristes, porém brandos.

Rio, 20/08/2003

Fuga em ré menor

Não há como correr contra o tempo,
Não tenho uma máquina do tempo,
Mas o tempo todo eu tento, tento
Me livrar desse sofrimento... lento.

Fujo para a floresta
(Pois todos têm seu "momento Zaratustra")
Mas mesmo aqui seu nome me persegue
Não faça isso, Sade! Ao menos isso! Custa?

O simbólico Corvo não pousou em um busto,
Mas no inconsciente. Mais precisamente em meu ombro.
E depois que voltei a mim, melhorando do susto,
Senti que ele pairava era em minha mente: assombro!

E por mais que eu tente
Lutar contra o presente, o eterno e o ausente,
Há a frase... é ela, é ela, é ela, é ela
Que deixa essa anti-donzela descontente.

Não posso fugir de mim, não posso, jamais.
E quando, em meu jazigo, eu já não houver mais
Haverá em meu túmulo a frase: Aqui jaz
Alguém que lutou contra o Nunca Mais.

Rio, 10/05/2004

Deborah O'Lins de Barros

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