quarta-feira, 17 de junho de 2009

poesia autobiográfica [4]

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Auto-análise do dia: eu e o cotidiano

Meu cotidiano é uma loucura! Vejo coisas bizarras, ouço outras piores... mas vai dizer que você, andando na rua, indo e voltando do trabalho também não ouve e vê? Não me lembro que autor anotava situações que via na rua para transformá-las em literatura. Li sobre isso, gostei da idéia e faço o mesmo. E você não faz idéia do que tenho anotado nos meus caderninhos... Boa degustação :-)
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clichê

Eu queria ser aquela
metamorfose ambulante...
...mas estou presa eternamente
no paradigma de uma geração
quase interessante.

carioca
coca-cola
chiclete
pipoca e guaraná
RG, CPF, CLT, GLS
cigarro depois do almoço
esquerdismo aguado
internet banda larga
orkut...
faculdade trancada
(por falta de capitalismo suficiente)
comédia romântica norte-americana
...entediante
ainda não entendo filmes
inteligentes...

Me dê alguns anos e me transformo
na borboleta filosófica de Raul,
ou num kafkiano inseto alucinante.
Queria ser aquela metamorfose,
Mas não passo de um mero clichê ambulante...
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Lilith e a mulher moderna
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Lilith deveria ser
a musa das feministas atéias;
mas mesmo as feministas atéias,
ainda temem o catolicismo.
Pede-se perdão por pecar
e por não pecar;
teme-se um inferno
que talvez possa não existir.

Não há liberdade na jornada dupla,
como não liberdade na submissão
sem carteira assinada.
Lilith, olhe por nós,
nos dê um bom emprego,
poucos filhos
e um marido que entenda nossa TPM.
Amém.
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Desilusão

Agora pouco
(Não faz nem 20 minutos)
Uma moça proferiu:
"Santa Ilusão!"
E me quebrou as pernas.
Sempre pensei
(iludida como eu só)
Que conhecesse plenamente
Todas as facetas desse verbete.
Mas nunca pude imaginar
Que a ilusão pudesse ser
Santa.
Sempre a vi conjugada com seu adjetivo
Mais clássico - ou favorito.
Sempre pensei que a ilusão
Fosse apenas doce...
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