quarta-feira, 22 de julho de 2009

dois contos curtos para uma tarde cinza

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liaCom medo de lembrar, ela lia. Viajava por histórias diferentes das suas. Até que um dia, a desatenção a fez cochilar. Dormindo, sonhou com sua própria história. Acordou arrependida, mas não quis ir a um padre se confessar só para não ter que lembrar tudo de novo. E voltou para sua eterna leitura.
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sinaisPrimeiro foi a barriga. Apareceu de repente, quase que da noite para o dia. Alguns dias depois, o homem notou que estava calvo. Achou estranho. O fim da picada foi quando o filho riu de sua cara quando foi procurar informação em sua Barsa de 15 volumes. Não agüentou mais. Foi até o banheiro, lavou o rosto e quando deparou com sua cara no espelho, descobriu: “puta-que-pariu, envelheci!”
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(escrevi esses minicontos durante a leitura de "Contos de Amor Rasgados", de Marina Colasanti)
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e como quem conta um conto aumenta um ponto, leia também a repercussão de Lia, que ganhou um amiguinho e uma ilustração bonita no blog do meu amigo Cleto de Assis, o Banco da Poesia.

6 comentários:

Môni disse...

Esse livro tem verdadeiras pérolas! Adoro esse:

CONTO EM LETRAS GARRAFAIS
Todos os dias esvaziava uma garrafa, colocava dentro sua mensagem e a entregava ao mar.
Nunca recebeu resposta.
Mas tornou-se alcoólatra.

Deassis disse...

Deborah:

Gostei de sua historinha. Parabéns. Mas não resisti ao mote e saíu-me esta:
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LIA

Ler e viajar nas leituras. Eis Lia, a leitora. E a Lia por outros lida? Liam-na a outras lidas, bem menos livrescas, bem mais livres. Liaisons dangereuses. Liames libidinosos. Estripulias. Depois, melancolias.

Coisas de Lia...
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Desculpe-me se parece brincadeira literária. Mas não é.

Deborah O'Lins de Barros disse...

Olá Mônica! Eu também adoro a Marina Colasanti :-) o conto que mais gosto é o "para que ninguém a quisesse"

E Cleto, adorei o seu miniconto. motes são sempre bem-vindos!! :-) se quiser, pode postá-los no Banco da Poesia, vou ficar contente!! Cleto que leu Deborah que leu Marina. :-)

Anônimo disse...

Você está escrevendo cada dia melhor, Deborah. Continue assim, distribuindo teus mantras aos tímpanos áridos.

O melhor dos abraços

Fernando José Karl

Deborah O'Lins de Barros disse...

obrigada, Fernando!! um dia eu chego lá :-)

Marco Gaspari disse...

Comecei a digitar este comentário quando reparei que as minhas mãos estão mais enrugadas...epa...e essas pintinhas marrons!!! Deborah, qual foi mesmo o volume da Barsa que o cara consultou?