terça-feira, 6 de março de 2012

romanceiro?

O nobre cavalheiro arrastava suas asas
para a moça que lavava roupa na mão.
Mirava-a no rio, de cócoras, ganhando seu pão.
Decidiu se aproximar, com o peito em brasa...
E recebeu um não.

Mas como pode, com tanto garbo, uma resposta rasa?
É que a moça já tinha um dono para seu coração,
e o nobre cavalheiro torna-se um bufão.
Não admite, bate o pé, respira fundo e amassa
a flor que tinha na mão.

"Posso dar-te o mundo e no entanto arrasas
o que me é mais caro - meu coração.
Venha comigo que te apresento a minha mansão."
E a moça responde, meio sem graça:
"Posso não."

"É que eu amo", disse enquanto olhava para as casas
muito humildes, se comparadas ao casarão.
"E não quero macular esse amor, quero não."
E então, meio que por raiva, veio a desgraça,
desejada do fundo de um coração:

"Que morram todos! Essa raça
de gente simples, cheia de boa intenção,
povo que quando quer, pode e é turrão."
E veio a praga, nascida da pirraça,
veio a seca no sertão.

Deborah O'Lins de Barros
Rio, 06/03/2012

2 comentários:

Izau Melo † disse...

Que texto bacana, adorei! lembra de mim? depois visita www.textosetexticulos.com

Deborah O'Lins de Barros disse...

Obrigada, Izau :-)
Puxa, não consegui entrar no link que você mandou...